Após o encontro do Fórum de Coordenadores de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Abrasco, em Brasília, os integrantes do grupo continuaram na cidade, a fim de participar do Seminário de Meio-Termo da CAPES, nos dias 5 e 6 de outubro. O evento reuniu os coordenadores dos programas de pós-graduação (PPG) em Saúde Coletiva para discutir o processo de avaliação quadrienal 2021-2024, e planejar o quadriênio 2025-2028.
A Avaliação Quadrienal da CAPES é realizada a cada quatro anos, com a intenção de analisar a qualidade dos programas de pós-graduação em instituições de ensino superior e pesquisa em todo o país. Os Seminários de Meio-Termo acontecem sempre no terceiro ano de cada ciclo da avaliação quadrienal, e consiste em um momento de troca de experiências e diálogo sobre como têm funcionado os PPGs e a apresentação de dados coletados pela Plataforma Sucupira.
Para Marcelo Castellanos, coordenador do Fórum de Pós da Abrasco, o encontro foi bastante informativo: “Conversamos sobre como a instabilidade no mundo do trabalho tem afetado a disponibilidade dos trabalhadores para participar dos programas profissionais e acadêmicos, assim, como as condições do póprio trabalho acadêmico. É necessário refletir sobre o que pretendemos induzir a partir da avaliação CAPES e outras avaliações, e é importante criar auto avaliação nos programas, e planejamento estratégico”.
Bernardo Horta, coordenador da área de Saúde Coletiva na CAPES, contou que houve bastente diálogo sobre a Avaliação Quadrienal realizada no período de 2017 a 2020, principalmente sobre a ficha de avaliação utilizada. “Comparamos esses resultados com os indicadores quantitativos disponíveis para compreender o quanto nossa área permaneceu estável, o quanto melhorou. Exploramos detalhadamente a ficha de avaliação, já que essa ficha será a mesma para todos. Esclarecemos como cada indicador é calculado e avaliado”. Além disso, discutiram a nova proposta da CAPES para a ficha de avaliação que será implementada no quadriênio 2025-2029.
Ele explicou que as áreas têm autonomia para entender quais indicadores serão incorporados nessa nova ficha, portanto, a Saúde Coletiva tem a oportunidade de moldar esses marcadores de acordo com suas necessidades e especificidades. Para isso, formaram Grupos de Trabalho que desempenharão um papel fundamental na definição e refinamento dos indicadores, comprometidos em aprimorar a área e manter o alto padrão de qualidade acadêmica.
O encontro também foi uma oportunidade de reforçar a agenda da Saúde Coletiva no cenário de pós-graduação do Brasil, que inclui o compromisso histórico da defesa do SUS e do direito à saúde. Vale lembrar que a área se expandiu: no ano de 2010 existiam 57 programas em Saúde Coletiva, hoje esse número subiu para 93 programas. Assim, é sempre importante reforçar os valores centrais da Saúde Coletiva, para garantir unidade.
Outro ponto abordado é a necessidade de construir sistemas avaliativos pelo princípio da equidade, segundo Castellanos: “É preciso enfrentar as desigualdades – sociais, regionais, econômicas – reproduzidas no interior do Sistema Nacional de Pós-Graduação. Alguns estados possuem fundações de amparo à pesquisa fortalecidas, outros têm pouco dinheiro. Dentro da Saúde Coletiva algumas áreas têm acesso diferenciado aos recursos”.
Além da questão de distribuição de verba para os diferentes cursos, também discutiram o impacto do racismo estrutural nesses espaços – e a necessidade de ações imediatas e de longo prazo para fazer dos programas de pós-graduação espaços verdadeiramente democráticos e igualitários.
As próximas reuniões do Fórum de Coordenadores dos Programas de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Abrasco acontecerão em abril de 2024, em Belém do Pará, e em Fortaleza, em novembro , durante o 5º Congresso Brasileiro de Política, Planejamento e Gestão da Saúde.
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